sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cheirando a chá

Já é quase o fim do ano e eu tenho que me preparar pra ter amigos e parentes brindando um novo ano. Essa coisa de casa cheia, gente sempre sorrindo, é meio constrangedor. É nesses dias, que demoram tanto pra passar, que sua família descobre que você está mais fria que no ano passado, e que seu interesse neles é tão mínimo quanto seu interesse por um novo vestido branco. Mas há beleza nisso tudo, eu gosto de observar a felicidade deles, e escondem tão bem as incertezas que às vezes penso estar diante da perfeição. Família, ainda desejando a solidão, sempre te traz algum aconchego, alguma esperança de que o mundo não está tão afundado na lama. E são eles que ainda nos mantêm corajosos e otimistas pra certas coisas. Eles sempre desejam o seu melhor, é como uma necessidade básica de sobrevivência. Se você vai mal eles perdem a esperança. Minha mãe gosta de ceia farta, mas esse ano não vai ter gente suficiente pra um banquete. Seremos quatro ou cinco pessoas. Estão todos se perdendo. Talvez eu esteja pior do que eu imaginava, talvez, todos estejamos. Mas ainda vamos nos amar, ou nos odiar, cada um no seu repouso. O dinheiro e a morte ainda vai nos unir qualquer dias desses de maio ou agosto. Estive pensando também no que fazer pro próximo ano. Eu sempre corto o cabelo, mas nunca sei se devo cortar antes ou depois do ano novo. Deveria haver um meio termo, cinco minutos perdidos no vácuo, nem do futuro nem do passado, pra executar todas as mudanças e pular pro ano novo sem vestígios, sem nada que possa lhe lembrar o sexto minuto que se antecedeu. Ano novo sempre tem cheiro e gosto de chá pra mim. É meio dramático e tem trilha sonora esquizofrênica, além de ser um dos dias mais tristes e desesperançosos do ano. Você se vê obrigado a viver mais um ano, tudo de novo, tudo aquilo que esse ano foi tão difícil e que vai ser bem pior no novo ano. Mais uma volta ao redor do Sol. Pensando por esse lado, não é legal. Você vai ficar um ano mais velho, milhas mais cansado e um pouco mais frio. Acho que vou pegar a tesoura e vou mudar por mim mesma, afinal, pra mim nem é um novo ano, é só mais um dia igual a todos os outros. Ainda serão vinte e quatro horas e ainda terá sol a tarde toda. As pessoas vão continuar se odiando e repetindo os mesmo erros, e você ainda vai continuar com as mesmas manias e vai cortar a dieta no sexto dia. Não é preciso a segunda feira, nem o primeiro dia pra apontar mudanças, aliás, eu adoro fazer isso às quarta-feiras (dão sorte). Pelo menos teremos mais bebida e não será preciso dormir ás duas da manhã. Sê feliz, enquanto é tempo.



listen to: amiina - leather and lace

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