É verdade, não se apagam as coisas. Não sei como que ainda consigo viver entre as sombras, talvez, tenha aprendido a me camuflar, talvez, tinha me acomodado ou ainda deixado de importar com o que sinto ou com o que não sinto.
Sentimentos são coisas estranhas, nunca sabemos realmente o que sentimos e o porque sentimos tal coisa, apenas reagimos a eles. Nunca me dei bem com sentimentos, pelo menos, não com os meus, com o dos outros é fácil. Sempre é mais simples na pele dos outros. Talvez eu sinta de mais, ou então, não sei o que é sentir, ou sei que a muito sou um fantoche, apenas um brinquedo que vez ou outra é usado e então esquecido. Queria esquecer, mas isso é para poucos.
Este quarto esta frio, o aquecedor está estragado e a lareira não funciona a muito tempo, a única coisa que tenho para poder me esquentar é essa droga de chá, o rum acabou, bebi ate a ultima gota na noite anterior tentando afogar as minhas lembranças de você. Até que por um instante eu consegui te enterrar, mas assim que peguei no sono o teu cadáver volta para me assombrar. Mais uma noite em claro, assustado e envolto em sentimentos, pensamentos, “pensatimentos”, não sei mais o que é dia, o que é noite. O tempo nas montanhas no inverno não ajuda, 3 horas da tarde esta escuro, 2 da madrugada esta claro, é uma zona isso tudo.
Sonho ou pesadelo? Dormindo ou acordado? Vivo ou morto? Será que esta loucura nunca vai ter fim? Não consigo camuflar, não consigo enganar ou me esconder. Por mais longe que eu vá, sou um prisioneiro, encarcerado em minha própria mente por você. Fugir? Pra que? Ficar? Não tenho muita alternativa. Apagar o que aconteceu? O que não aconteceu? Toda a angustia do não saber. – Porra, tá muito frio aqui! Frio, gélido, talvez os sentimentos sejam assim ou tenham este resultado quando nos aventuramos. Mas com as asas quebradas indefeso, esperando por um caçador faminto, o prisma é diferente. Todas as possibilidades, todas as alternativas continuam rodando em nossa mente, ate que afundamos em nossa própria desilusão, em nosso próprio acomodamento.
Acho que vou me deitar, não tenho mais nada para fazer, o tempo esta uma merda, tudo coberto, sei que você vai me visitar esta noite, assim como fez na noite anterior, e na noite antes dessa e vai continuar me visitando ate que eu não mais acorde, talvez não nesta vida, mas as marcas deixadas me seguirão, tenho certeza, nesta ou em outro lugar. Observo a chama da vela, vagarosa se apaga, escurecendo mais ainda o quarto, fecho os olhos, e lá está você me esperando. Realmente, não há como fugir, nem me esconder, você é o fantasma que vive em minha mente. Com um sorriso te acolho e me entrego. Já não tenho forças para lutar e já é muito tarde para voltar atrás. Talvez amanha seja um dia melhor , você estará lá, disso eu tenho certeza, mas talvez não me faça tanta diferença mais.
S.S.S 17/11/2011 – 23:34
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