quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Where's the love?

Listen to: Set fire to the rain - Adele

Certamente não era o meu dia, nem o seu. Aqueles trinta minutos do seu lado me provocaram a sensação de mil  agonizantes anos. Como explicar tanta falta de sentimento em dois corações que já juraram amor eterno? Não havia nem álcool nem drogas por perto aquele dia e, então, presumo que os votos foram sinceros. Quatro anos se tornaram trinta agonizantes minutos com direito a falta de ar, batimentos cardíacos tão lentos e sem nenhum drama, e pernas inquietas. O amor acabou ou só nos perdemos em mundos diferentes? Não gosto de nenhuma das opções, desprezo a falta de amor e nunca, sob nenhuma condição, me perderia em um mundo onde você não existisse. Eu te amei da forma mais intensa e você correspondeu da mesma forma. Sempre tivemos momentos tão intensos, talvez esse tenha sido o defeito fatal. Cheguei em casa em quinze minutos, nunca dirigi com tanto descontrole, queria me livrar daquela sensação. Mas pra que fugir pra casa se foi lá que passamos os quatro anos mais felizes das nossas vidas? Nossa casa, minha casa, ainda cheira a cigarro e perfume barato, ainda tem canela na cozinha e seus projetos continuam jogados na mesa da sala. Tudo me lembra você. Te pedi pra levar tudo isso quando deixasse as chaves na segunda, mas no fundo ainda queria ter algo pra me lembrar de você. Você não deixou as chaves e nem sequer levou os projetos, eu sei o quanto eles significavam, mesmo sem nenhuma serventia. Parece que você me conhece mais do que a si mesmo. Senti falta da minha caneca vermelha de café, mas fico feliz por ter levado com você, me dá alguma esperança. Eu não sei o que sentir agora. Ódio, saudade, nostalgia. Nada disso. Só queria ter você aqui, mesmo que trancado no quarto desenhando suas coisas sem sentido e escutando seu cd do Ramones em altura suficientemente desprezável. Eu colocaria meu fone de ouvido e fingiria que nosso amor era perfeito e sobreviveríamos a mais um dia. Necessidade, esse é o nome. Mas, acabou. E a única coisa que nos resta é lamentar o fim, o ócio. Talvez o amor seja mesmo só uma ilusão. Talvez nós realmente não fomos feitos pra viver o amor, mas pra senti-lo. Você nos seus rabiscos e eu na minha falta de vida.

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