quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

It's you..


Cadê o café? Espera, são quase dez da noite, mas dormir por hoje já era algo fora de cogitação. Enfim, sabe aquela velha história de que eu não seria capaz de viver sem você? Tão clichê, tão antiquada, tão sincera, tão.. real. Nunca pensei que um sorriso pudesse fazer tanta falta. Onde estão aqueles olhos de infelicidade, tão acima da realidade, tão sóbrios. Se eu pudesse te roubar algo, talvez pegaria toda aquela tua confiança. Talvez eu saísse por aí cantando as garçonetes de Londres no meu conversível pago com o dinheiro da faculdade. Pra que medo quando se tem um mundo inteiro de possibilidades, onde pelo menos vinte e cinco por cento prometem resultados não duradouros, porém valiosos. E talvez eu lhe roubasse o poder imensurável de ler mentes, pelo menos a minha você era capaz, não sei o que seria de você sem o seu super poder, não sei o que seria de nós. Você sempre traria o sabor errado, sempre me faria escutar músicas sem sentido, mas sempre com a certeza de que no fundo, eu me apaixonaria pelo sabor e pela melodia. Você sabia coisas que eu ainda não sabia sobre mim. Creio que você me moldou, não da melhor forma, me lembro bem o motivo da primeira tragada de cigarro. Mas, foi bom, aprender todas aquelas coisas inúteis sobre carros e sobre o mercado imobiliário. Pra ser sincera, eu pensava em mil outras coisas enquanto você falava sobre a economia, era tentador demais, me perdoe. Já te disse o quanto era injusto aqueles seus cachos castanhos e maltratados? Sério, era a coisa mais ridícula e charmosa do mundo, nada são. Não vou ficar aqui citando milhões de coisas irritantes ao seu respeito. Não vou me derreter em lágrimas enquanto o mundo se desmorona em crenças sobre o fim dos tempos. Não vou chorar no meu último mês de existência, vou sorrir, fazer mil piadas sobre o tais crenças, e me covencer de que o seu olhar se compara a qualquer um dos milhares jogados por aí. É engraçado eu ainda me lembrar de todos os detalhes, seria mais justo se eu pudesse esquecer de todos eles, sei La, apagar da memória o seu perfume importado e aquela mania insuportável de ligar toda vez que se relacionava com alguém, poxa, não preciso saber de quantas vezes todas elas gritaram ou sentiram prazer, mas, de uma forma, ridícula, eu adorava te ver feliz, exibindo troféus por aí, fingindo que todos os problemas do mundo nem sequer tocavam teus mindinhos. Eles realmente não o tocavam. Pra você era tão simples balançar os ombros e fingir que reinava sobre todos os mundos. O fato é que eu sinto a sua falta, não dos beijos, ou abraços, mas de você. Da coragem de mil homens, da segurança, do medo de não viver o suficiente. Sinto falta de um ser humano que me ensinou a ser humana. Saudade de um dia sentir que eu sou capaz de viver sem você, ou fingir que era.




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