sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Já ouço o silêncio

Quase uma tragédia grega. Quais elementos construtivos são coerentes pra discernir o lógico do sintético? Meu Deus, o que é que eu estou dizendo? Quase uma tragédia grega, resume. Minha família deveria ganhar um conto, quem sabe uma peça de teatro. São todos tão... únicos, pra não dizer loucos. Eu estou sempre deitada em algum canto fingindo que leio algum romance de mil páginas ou fingindo que estudo resumos bibliográficos de arquitetos desconhecidos. Rezo pra não ter novidades. Ninguém nunca está de bom humor, não ao mesmo tempo. Nos meus dias de bom humor há sempre alguém pra mandar que eu me cale, e nos meus maus dias, há sempre alguém fazendo um barulho insuportável de felicidade. Tem duas crianças correndo pelos quartos corredores e salas. O maior acha que é um super-herói, tem mil poderes, poderes únicos e inusitados. A menor, bom, ela não tem muito o que dizer ainda, ela come e grita e come e fala sobre coisas que eu não entendo. Tem um sorriso anormal. A mãe deles é louca, incompreensível. Sempre brigamos, mas sempre estamos juntas, ou quase sempre, pelo menos nas festas de família, as quais são desprezíveis e doentias pra ambas de nós. A mãe nunca está em casa, e quando está, bom, ela não é de se expressar. A vó só escuta e observa, talvez a com maior sanidade, tenho pena. Há de enlouquecer qualquer dia por convivência. Há uma tia também, mas essa, nunca mesmo, mesmo estando, nunca está em casa. Só dorme e nada mais. Vez em quando me pede mil coisas, que eu sempre faço de último segundo. Nos odiamos nos amando. Discernimento, total. Há dias nos quais nem mesmo o maior dos insanos pudesse sobreviver um dia a nós. Todos, sem exceção evitamos os olhares e conversas, evitamos nosso próprio lar. Há sempre dois ou três falando de dois ou três pelas costas. São personalidade, todas fortes, todas eloquentes, todas intensas demais. É um inferno, porém, é a minha paz. Minha quase paz, mas paz que necessito. Um dia ou outro vou me libertar dessa loucura, pegar a cafeteira e mandar pra outro país. Não quero as canecas nem ervas milagrosas, só café, e uma ou duas fotos pra jogar no fundo da última gaveta e olhar uma vez ou outra. E agradecer, pela loucura.

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