terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

I don't have to exist outside this place..


É o que os escritores, de gaveta ou não, costumam fazer. Todos presos a transformar o sentimento em versos, rimas, ou seja lá o que for, o que importa é tirar aquilo do peito, é desmascarar a verdade e jogá-la nua e crua sobre lençóis autoimunes á realidade. Covardes ou não, sentem, e sentem com constância, com total dedicação. Amar um poeta é ser amado como nunca antes, ver seus olhos, rostos e quadris desenhados em palavras. Se o sentimento não pode real, certamente, se tornará uma dessas citações que percorrem cadernos, anotações, sacos de pão e bocas infelizes pelos cantos mais empoeirados da cidade. Quem não pode amar, inventa um amor. Quem pode, tão logo temerá, tão logo inventará um alvará de perturbação à realidade. Insensatos, sarcásticos da vida moderna, tão pobres de alma, nunca chegarão a conviver com o amor. São corações cravados com a dúvida, corações que guardam cicatrizes que formam nomes e rostos. Se não pode aceitar a falta de amor, não se comprometa a viver num mundo onde qualquer palavra, ainda que de difícil pronúncia, sai com mais naturalidade aos olhos e sentidos. O Amor, tão incerto, me tornou um desatento, um violentado, pelo próprio amor guardado. Amor, até então um sóbrio galanteador, agora, um bêbado qualquer. Não creio, não sinto. Me dói vê-la assim, sozinha, num labirinto onde o amor se esconde. Inveja-me teus olhos, que tão docemente brilham. Inveja-me, teus olhos que, tão genuinamente, podem contemplar o amor. Aquele amor que os poetas invejam em suas rimas calculadas.




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