Rehab.
Mas rehab de quê? Da vida? Reabilitar-se de algo assim tão natural?
Reabilitar-se de como se leva a vida, talvez. Rehab de como se encara a
vida, rehab de tanta coisa, tanta coisa natural, tanta coisa que não
deveria exigir uma reabilitação. Mas, entretanto, todavia, na maioria
das vezes exige. É! Somos dois corações cansados de viver de um jeito
inusitado e nada estável. Instabilidade, isso não, não quero mais
momentos instáveis. Mas diz isso com o interior tão instável como a
pergunta que martela na cabeça:
- Devo ou não?
Se deve
ou não, só Deus, minha amiga. Se deve ou não, isso, somente a ti, tão
somente pertence a resposta. Me responda, mas não pense duas, ou três
vezes, só responda: tu queres ou não?
- Sim! Devo! Assim como você, também deve.
Mas devo
o que? Reabilitar-me de que? Dos sonhos que nem vivi? Não tem
sentimento pra ser reabilitado aqui dentro, minha amiga, só amargura de
não poder sentir.
- Se diz que existe alguma coisa, é porque existe sim. Reabilite-se da amargura.
Pois é!
Se eu perdi os argumentos mil que comigo trago, talvez, ah, existe sim
motivos que me fazem concordar. Volta e meia e cá estamos, sofrendo,
nos martirizando por amor, pelo amor ao extremo, e pela falta de amor
por nós mesmas. Mas como diz o ditado, minha vó e o tio da esquina, pra
amar ao próximo tem que se amar primeiro, senão não é de verdade. Fazer o
que? A vida é assim, minha amiga, sofrer é só mais um detalhe, e o
sofrimento uma hora ou outra compensa, será compensado. Ou não!
- Será?
Será!
Me diz
dessa esperança que lhe reservam os olhos, me diz dessa vontade de fazer
com que tudo se resolva, onde foi que tu se encontrou com a vida que
lhe rendeu tanto sentimento ainda bom, ainda guardado, ainda tão sóbrio
mesmo em meio à essa vida tão embriagada em vinho barato e canções mais
baratas ainda de amor.
- Muito
pelo contrário, minha querida, não me encontrei em nenhum lugar da vida,
nem sequer uma ruela escura em que se possa cantar tais canções baratas
ou sentar-se para beber vinhos, e justamente por isso, procuro pensar
que algum dia, eu possa sim encontrar não uma ruela, não serei tão
humilde em tal pedido, mas sim em uma estrada que leva à felicidade, ou
como dizem por aí, uma estrada que seja a própria felicidade, e que
percorramos toda.
Felicidade.
É bonito como saímos tão rápido do sofrimento pra parar na felicidade,
como se o sofrimento não houvesse existido em verso algum. Mais bonito
ainda é um coração que nem sabe no que acredita ainda ser tão sereno,
tão mais belo do que um coração que prega uma doutrina minimizada. Seja
lá o que for, meu coração não é digno de tal doutrina, ou de doutrina
alguma. Ainda há tanto pra aprender de histórias tão distantes. Que a
ciência me faça entender, que nem o mais certo, nem o mais humano, vive
sem amor.
-
Estamos fadados a falar de felicidade quando se fala de sofrimento, ou
vice-versa, são coisas tão próxima e tão distantes ao mesmo tempo, ou
talvez não tanto assim, talvez esteja a felicidade tão próxima e nós é
que não sabemos identificá-la atrás de uma fumaça que embaça os olhos,
aquela que sai da mente por tão usada. Mas sei que acredito, que
acredito ainda nessa tal felicidade que tanto se fala, acredito nesse
tal de amor também tão citado. Às vezes basta, basta para que eu tenha a
vontade de seguí-las, de vivê-las. E para quem diz que devemos nos amar
primeiro, para assim conseguirmos amar outra pessoa, não parece tão
difícil assim realizar tal façanha, me atrevo de chamar de façanha.
Não vou
tardar, não farei que vire milhões e milhões de frases que torturam os
dois lados do cerebro. Enfim, Talvez seja tempo de nos despedirmos do
que fomos há dois, três dias atrás. E quem sabe, amanhã ou depois, tudo
isso seja mais fácil pra pensar e resumir em dois ou três atos. O que me
importa, o que deveria lhe importar também, é que crescemos, e
amadurecemos anos em poucos dias, por saber ouvir, e falar. Se puder lhe
agredecer, mas de forma concreta, não pelos doces ou agrados, mas pelo
sentimento, pelo ouvir, que tão somente me faz maior. E agradecer por
poder dividir, o tão pouco que sinto. E assim termina, mais um capítulo.
Deixemos a inspiração pros novos recomeços. Clichê, eu sei que assim
pensaste! Mas amanhã será. E que seja doce.
Carolina Machado feat. eu.
Carolina Machado feat. eu.
Sá linda. <3
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