segunda-feira, 11 de março de 2013

E a prata é toda prataria.


E eu me sinto tão distante dessa tua humildade, menino. Com esses meus sonhos de botequim, analisando somas e somas sem valor algum. É tanto ouro pra coração algum. Eu guardo esse meu punhado de riqueza, hora ou outra anuncio uma nova aquisição, mas é que aqui dentro o peito diz pra trocar tudo por esse teu amor. E eu trocaria. Eu lhe daria os meus tesouros todos, todas as pedras preciosas, eu lhe daria o dinheiro da menina, ah, eu lhe daria o que fosse preciso, o que eu pudesse e até o que eu não puder, pra ter esses teus olhos tão bonitos, meu menino. E eu quero lhe fazer uma serenata, mas não tenho dom, menino, só tenho esse ouro que só sabe é brilhar. Eu quero lhe beijar a face, e a outra face, e os lados todos, mas de ti só tenho desprezo. E se eu me livrasse desse ouro, se jogasse fora a chave do cofre, se eu chorasse lágrimas de puro amor, tu me daria um punhado de sorriso também? E o que eu faço com esse amor, menino? Me dá esse teu preço, eu lhe compro uma casinha no nada, com portas amarelas e janela pro céu. Posso lhe comprar um par de estrelas que brilhem de hora em hora, e um oceano de peixinhos dourados. Lhe compro um lugarzinho lá de frente pro palco dos Hermanos, lhe compro um sabonete de Jasmim. Lhe compro o paraíso, lhe compro até um novo par de meias. Mas tu não quer, não quer a minha riqueza, não quer da minha vaidade. Tu não me quer, menino. O dinheiro é tudo que tenho, já comprei amor, mas nunca soube usar, já comprei felicidade, mas não veio um manual, tá lá encostado na gaveta de coisas velhas. Já comprei até um novo nome, e uma face. Mas, tu não me quer. E eu tanto lhe quero, e eu tanto lhe espero. Vou me despir em plena avenida, jogar os vinténs ao céu e abandonar a certidão. Tão pobre agora hei de ser, nem face, nem nome, cobertura ou importado. Eu só lhe peço uma chance, menino, de ser seu par no sambinha da vó Nena, sem sapato de salto, sem batom carmim, só eu, menino, e a humildade que o teu amor me ensinou.  Me dá esse mimo, me dá essa riqueza, que é viver ao lado teu.
E todo aquele ouro só reluz nos sonhos que já não são mais meus. Sonho é cortesia, o nome certo é ilusão.


(Dá uma pausa lá embaixo, e aperta um prosseguir cá em cima, só por hoje).


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