E eu queria lhe escrever um conto
de sei lá quantas mil linhas, mil atos e tudo mais, mas. Se eu soubesse onde se
escondem as palavras, onde foi parar a poesia e todo o drama que tu bem sabes que
carrego nos bolsos e hora ou outra perco um punhado pra vida, ah, se eu
soubesse. Lhe faria milhares de versos tão bonitos quanto esse teu coração.
Bonito é cortesia, é bem além, é maior do que todo esse meu entendimento, e é
sereno, e sincero, e eu queria aqui por perto. E me pergunto se as palavras,
que tão lentamente sussurro, são suficientes ou belas até, se são grandiosas
ou, ao menos, precisas, e eu me pergunto tanta coisa, tanta coisa boba que lhe
causaria certo espanto. E eu tento lhe agradar, tento roubar sorrisos teus, um
brilho nos olhos ou só um segundo de atenção, e é tanto que eu quero lhe
perguntar, e tanto que quero aprender de um olhar que já brilhou bem mais que o
meu. Se eu lhe pedir duas palavras, promete que não serão só duas? Exijo
milhares e o que for preciso para que nunca cessem. Fica aí, senta aqui comigo,
toma uma café, ou só senta aí e compartilhe um pouco de silêncio, ou fale, o
que quiser, só esteja por perto quando a agonia parecer grande demais pra
suportar. Me roube só mais um sorriso e me dê aquela alegria de reconhecer que
a vida bem me quer. Se eu lhe pedir duas palavras, tu promete ficar pro chá?
E eu só tenho duas palavras. Não ousarei me questionar.
Eu fico para o chá.
Fico para as agonias e para lhe contar um pouco do que passei. A tanto para se ver e se aprender, que nao deixaria passar a oportunidade de viver você. Suas histórias medos e perguntas. Pra todas as horas, me encha de perguntas, me conte sobre você.
Tantas bagunças permeiam nossas cabeças, porque haveria de ser diferente. Vemos os detalhes, os encraves, as travas nos olhos das pessoas.
Vemos as feridas, vemos a vida corrida.
E choramos por dentro, sangramos com o tempo.
Que não sara e não passa, no universo dos meus sentimentos.
Cortês, Anybal; em resposta.
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