quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

É preciso amar?



Chá, por favor! Nada de café por hoje, na verdade o café acabou e essa é só mais uma desculpa pra amenizar a ansiedade. Por um momento cheguei a dizer a mim mesma que não suportaria mais, chega, acabou! Vou pegar minhas malas e partir pra algum lugar distante e vazio de pensamentos. Mas, não. Não há porque fugir, há porque fugir. Por dentro há mil motivos pra fugir, pra abandonar o carro na descida e observar enquanto ele se despedaça sobre o muro, depois sentar sobre os destroços e fingir que nada aconteceu. Existem mil motivos pra botar fogo nos destroços, pra incendiar a minha própria alma, tão corrompida. Mas, não. Talvez eu até pudesse me libertar por alguns segundos, talvez eu me desprendesse da realidade por alguns dias, talvez, mas depois ela voltaria ainda mais cínica, indiscretamente remoendo os pedaços dentro da minha mente, cortando as beiradas com os pedaços de vidro do painel. Não há porque fugir. Não há! O mundo espera que eu caia, meus amigos esperam. Estão se preparando pra notícia, escolhendo a roupa perfeita e a melhor cara de insatisfação. Se preparam pra fingir remorso e preocupação. Mas, não. Eu escolho a inconstância, sempre haverá um dia bom pra compensar uma semana de vazio. Nem sei se devo comer ou não, no momento comida não é a melhor resposta pro meu problema, mas eu deveria sentir fome, ou vazio. Nem sei porque estou falando de comida, nem há comida. Eu vou ficar enfileirando mil desculpas e assuntos aleatórios pra esquecer essas lágrimas que estão caindo. Elas tem gosto de derrota, até elas, exibem o desgosto por pertencerem a mim. Sóbrias, discretas, insensíveis. Não sou merecedora nem das minhas próprias lágrimas. Eu acho isso tudo tão teatral, chorar. Eu detesto chorar. Mas nãot em nada de teatral, é tudo tão sincero. Tenho pena! Chega um momento que não dá mais pra escrever em caixa alta e fingir que está tudo bem. O momento em que suas piadas não tem mais graça e o palhaço desiste do show. Tristes, porém sempre alegres, São Paulo bem o disse. Van Gogh sempre citava esse parágrafo em suas cartas para o irmão, acabou com uma arma apontada pra própria cabeça. Morto pela incerteza, morto por não poder mais ser o que outrora fora. Ah! Eu deveria temer que isso acontecesse a mim, mas, não sou tão corajosa, temo a Deus, sei que essa não é a saída, e a última tentativa foi humilhante. Eu nem sequer busco o que era, porque ainda nem fui. Eu nunca fui feliz, essa é a verdade. Nunca! O chá sempre dura menos que o café, sempre acaba, frio e com gosto de açúcar. Aquela sensação melancólica na boca, de quem sofreu instantes atrás. De acordo com a minha própria sensatez, continuo sofrendo. Precisaria de mais alguns pra me sentir.. alegre? Devo antecipar que o mundo já foi mais sensato. Que grande novidade, não? Dissipar a tristeza culpando a sociedade. A culpa é toda sua, minha cara. A culpa é toda sua! Não chora, escreve. Não chora, cante. Não chora, só não chora. Ou melhor, se derreta. Faça o que for melhor. Só não chora a última gota de vida.



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