sábado, 8 de dezembro de 2012

Segundo ato, mesmo dia, 30 minutos depois.




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O que eu posso fazer? Só me resta escrever sobre minha nada interessante vida por horas e horas no intuito de certo entretenimento. Eu sei que ninguém vai ler, mas, eu ficaria feliz de saber que alguém se preocupa com a minha falta de vida. Sábado a noite e eu estou em casa bebendo água do purificador novo, sem plano algum, sem vontade alguma de fazer planos, admirando a beleza do vermelho carmim da garrafa de 310 ml que uso pra beber água, é um certo preconceito por copos, não gosto de copos. Gosto de canecas, xícaras ou coisas do tipo, mas copos não, eles costumam alterar o gosto das coisas. Aliás, acabei de beber 200 ml de café num copo, pra parecer menos provável que tenha sido eu. Poxa, devo ter bebido pouco mais de 1 litro, isso não é nada saudável ou aconselhável, certa vez eu chorei ás onze da noite implorando à minha avó que me fizesse café, doentio, eu sei. Tenho certo receito do futuro porque certamente eu hei de morar sozinha e não haverá restrições quanto a horário, então eu vou me embriagar de café. Meu apartamento, roupas e móveis hão de cheirar á café e isso talvez torne o ambiente um bocado insuportável pra visitas rotineiras. Onde que é que posso encontrar um marido que seja tão viciado em café quanto eu? Que adore ilustrações e que deteste TV? Quase impossível, por isso, já me acostumei com a ideia da solidão matinal. Talvez eu compre um ou dois gatos, um cão e um papagaio. Eu estive pensando na solidão nas últimas semanas, com certo receio, confesso. Até ontem sentia um arrepio desesperador e uma pontada na espinha de pensar em não ter alguém pra falar de amor e me entupir de comida nos sábados à noite. Não que eu seja autossuficiente, longe disso, aliás, milhas e milhas distantes disso, só não sinto mais aquele medo da solidão. Sou criativa demais pra ser solitária. Sexo informal, carinho na madrugada, talvez um café da manhã com panquecas no outro dia, depois o adeus. Não é cafajeste, é só, moderno. A modernidade das almas sem amor. Cada dia um novo órgão genital roçando na miséria humana do meu apartamento cor salmão. Poxa, que visão de futuro, não? Nada instigante, nada sedutor. Talvez a parte do sexo informal seja excitante, mas não por muito tempo. No fundo, as almas sempre gritam por um complemento, eu também sou egoísta no fundo, também quero alguém pra me fazer feliz em troca de sexo. Chato! Eu sempre tenho o olhar mais pessimista e desconfortante do amor. Eu nem gosto de falar muito sobre o amor, porque sei lá se tenho argumentos.
Tem bocas que anseio beijar, mas meu orgulho é maior que a minha capacidade de dizer que sinto falta. Fumar um baseado ás nove da noite, derramar bebida por toda a casa e depois acabar me entregando. Eu sempre faço isso. Onde quer que eu vá derrubarei bebida. É a minha marca registrada, derrubar coisas. Eu queria ter alguém pra me dar bom dia, boa noite e bons sonhos, depois um beijo no pescoço e depois, ah, acorda! Eu só queria não ser tão dura comigo mesma, me permitir, e permitir que você se juntasse à minha maratona dominical. 

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