Foi dito e agora fica aí a bater
na porta, essa verdade é traiçoeira, tem nada de simpática, e quer me fazer
recorrer ao corte derradeiro, ao gole derradeiro de toda desgraça. Hora ou
outra eu volto pra essa realidade desgastante de criar um novo jeito de viver,
de cavar terra à dentro a procura de força de vontade, vontade, sabe-se lá, à
procura de um cigarro sequer. E fica repetindo e repetindo, latejando dentro da
mente, corroendo as membranas. Ah! Saí dessa vida, menino, saí desse poço de
solidão que cá de fora cheira pó e carpete mofado. Vem virando a esquina o amor
da tua vida, chove aqui fora o teu rum favorito, corre sem destino a
felicidade, é tanta coisa pra viver, e tu, tu aí, nesse poço de
descontentamento. Olha lá ,menino, olha a chuva, para pra ver as estrelas,
corta fora essa corda que lhe prende o calcanhar. Vem! Vem, que um segundo pra
quem nada viveu já é tempo demais.
Foi dito há algum tempo atrás, e
há quem diga que o segundo não foi tempo suficiente, porque nem sequer existiu.
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