terça-feira, 22 de outubro de 2013

Presidente, serafim, diplomata...

Ai, vida. De qual que é, diz aí. Tudo tão complicado de remunerar nos tempos mais remotos. Há ódio, e desespero, e um interno ranger de dentes, que incomoda e atrapalha o sono da bailarina, já tão cansada de rodopiar. Não sabe da missa um terço, mas quer escrever contos de amor e sonetos de felicidade. Será que tem um meio termo? Será, foi breve, não teve nem ponto de equilíbrio. Ai menina, tu tem que ser alguém na vida, certo, grande, bom, mas, nasceu toda errada, toda cheia de defeito de fábrica, de anomalia genética, de coração partido. Era pra ser Maria, e não João. Era pra ser Maria, menina, não Maria João. Era pra ser doutora, era pra ser poeta de livro de gente grande, não era pra ser artista de botequim quebrado. Podia ter sido de muita beleza, de muito talento, não podia ter sido tão sonsa, e com tanto sono, e com tanto medo.

Ai vida, ai, menina.

Era pra ter sido mulher de verdade, era pra ter feito teu pai e tua mãe grandes rei e rainha, pra ter feito milhões de dois trigos dobrados, era pra ter sido tanta coisa. Não foi. Nem será.
Escolheu a felicidade, tão precária, tão irregular.
Se é que o nome certo é felicidade.

Era pra ter sido Mariana, mas escolheu ser Ana.
Ana, sua Banana.


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