Ai, vida. De qual que é, diz aí.
Tudo tão complicado de remunerar nos tempos mais remotos. Há ódio, e desespero,
e um interno ranger de dentes, que incomoda e atrapalha o sono da bailarina, já
tão cansada de rodopiar. Não sabe da missa um terço, mas quer escrever contos
de amor e sonetos de felicidade. Será que tem um meio termo? Será, foi breve,
não teve nem ponto de equilíbrio. Ai menina, tu tem que ser alguém na vida,
certo, grande, bom, mas, nasceu toda errada, toda cheia de defeito de fábrica,
de anomalia genética, de coração partido. Era pra ser Maria, e não João. Era
pra ser Maria, menina, não Maria João. Era pra ser doutora, era pra ser poeta
de livro de gente grande, não era pra ser artista de botequim quebrado. Podia
ter sido de muita beleza, de muito talento, não podia ter sido tão sonsa, e com
tanto sono, e com tanto medo.
Ai vida, ai, menina.
Era pra ter sido mulher de
verdade, era pra ter feito teu pai e tua mãe grandes rei e rainha, pra ter
feito milhões de dois trigos dobrados, era pra ter sido tanta coisa. Não foi.
Nem será.
Escolheu a felicidade, tão
precária, tão irregular.
Se é que o nome certo é
felicidade.
Era pra ter sido Mariana, mas
escolheu ser Ana.
Ana, sua Banana.
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